Enquanto apresentava o conceito de Maya, a realidade subjectiva, aos yogis presentes numa Aula de Yoga comunitário, expliquei como este entendimento nos pode levar a reconsiderar a nossa parte de responsabilidade perante a forma como vivemos os acontecimentos das nossas vidas.
Entender o conceito de Maya é o que nos leva a perceber o que é a Autoconsciência aplicada no quotidiano para se viver o momento presente. Quando não existe autoconsciência, ou seja, a capacidade de observação do pensamento, vivemos no mundo de Maya, em piloto automático. Dirigimos as nossa vidas sem a noção do conteúdo dos nossos pensamentos e, enquanto fazemos algo, estamos a pensar em muitas outras coisas, levando a vida como se de um sonho se tratasse, um sonho sobre o qual não temos controlo e do qual não podemos fugir.
Dirigir a vida em piloto automático tem as suas consequências: os momentos não são vividos plenamente e o tempo parece estar sempre a escarpar-nos. Ficamos frustrados e muitas vezes responsabilizamos elementos externos pelas nossas infelicidades. O conceito de Maya leva-nos a perceber como os pensamentos vão criando e recriando cenários subjectivos, ao modificar o que já não pode ser alterado e/ou projectar diferentes futuros possíveis criando uma(s) realidade(s) alternativa(s).
Em Maya, a nossa mente está constantemente activa, quer seja ao pensar nas coisas que já passaram ou a antecipar o que ainda não aconteceu. Existe uma palavra em sanscrito para definir estas impressões do passado que mantemos vivas, Samskara, e outra para as nossas projecções do futuro, os desejos, Vasana. Cria-se então um circuito Samskara, Vasana e Karma (acções guiadas pelos os objectos do desejo) ao qual ficamos presos sem noção do momento presente. Em Maya, identificamos-nos pelo que fazemos, pelas nossas acções: Somos o que fazemos.
O desejo não tem nada de errado se é ele que nos leva a querer melhorar a nossa vida e quando não leva ao apego. Quando se desenvolve o apego (quer seja ele relativo ao passado ou ao futuro), está a criar-se este círculo vicioso, o circuito Samskara, Vasana e Karma, do qual a consciência não consegue emergir. Quanto mais embrenhados nos pensamentos, mais ficamos presos no mundo da nossa realidade subjectiva. Ficamos presos por não conseguir pensar “fora da caixa” e assim nasce o sofrimento.
O nosso estado verdadeiro é de eternidade e de pura energia positiva. Há que retirar prazer da experiência da vida. O Yoga traz-nos as ferramentas necessárias para “sair da caixa” e sair de Maya para vivermos felizes. Somos responsáveis pela nossa própria felicidade. O que temos, onde estamos, como estamos, em que momento e com quem estamos, são escolhas, escolhas que resultam do nosso pensamento.
O Yoga disponibiliza-nos todas a ferramentas necessárias para desenvolvermos a nossa capacidade de introspecção e de auto-observação para deixarmos de ser impulsivos e aumentar o nosso auto-controle, para sermos cada vez mais quem Somos realmente.
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