Por Melanie Mota,
Aluna do curso de professor de Yoga
da Yoga-Spirit 2015-2016
Voltei há quase um ano.
Parece que foi o mês passado. O tempo passa a voar quando respeitamos as nossas vontades. Já há muito tempo que não sentia o tempo assim. Muito talvez seja demais, mas foi o tempo suficiente para compreender que foi tempo a mais. Foi precisamente durante esse tempo, dia após dia, que repeti vezes sem conta, para mim, que era tempo de voltar. Faltava-me a coragem. Forcei-me a acreditar que tinha tudo o que precisava ter para ser feliz: trabalho, dinheiro ao fim do mês, amigos, uma vida independente pela qual tanto lutei. Durante esse tempo quis voltar mas não fui capaz.
Lutei contra a minha vontade, aquela que vem lá do fundo e que não se cala. Lutei contra o meu corpo que me dizia para parar mas que não quis ouvir e que, por isso, me obrigou a fazê-lo. O desespero e a dor bateram à porta. Fiquei doente.
Só assim aceitei reavaliar as minhas escolhas, as minhas prioridades e o meu caminho. Os extremos levam-nos à mudança. Tudo parecia mais difícil do que era na verdade e essa ilusão impedia-me de avistar soluções. Transformei-me na minha forma de pensar e deixei de lado a minha essência.
Até que, voluntariamente, me coloquei no desemprego. Alguns pensaram que eu não estava em mim. Outros preocuparam-se com a situação atual do país face à minha demissão. E alguns sorriram e acreditaram. Era tempo de fechar um ciclo e regressar. Sem saber muito bem o que ia fazer, sabia que só assim poderia criar espaço para novas coisas surgirem. Nem o medo me fez recuar. São coisas da alma.
No dia 31 de julho de 2015, sem saber o que seria de mim, regressei mais confiante do que quando parti, 6 anos antes com certezas de tudo. As incertezas podem ser tão boas.
Com 30 anos, voltei para casa dos meus pais. Pensei que seria o fim da minha liberdade, mas não foi. A verdade é que poderia não ter casa e já não ter pais, mas tenho-os e sou profundamente grata por isso. E afinal, o que é mesmo liberdade?
Foi no momento em que deixei de controlar e aceitei o que me estava a acontecer que o Yoga se apresentou na minha vida. Rendi-me. Já não sei viver sem ele. Foi com ele que me recuperei fisicamente. As dores foram desaparecendo e o resto foi acontecendo sem me aperceber. Costumo dizer que depois de o conheceres, muito dificilmente poderás voltar atrás. Isto levou-me ao curso de Professores de Hatha Yoga da Yoga-spirit.
O Yoga transforma-me todos os dias, acalma o meu espírito e a minha mente e alimenta o meu corpo. Sinto-me mais alinhada. Aprendi a respirar, a minha visão sobre o que me rodeia mudou, vejo e sinto as coisas de forma mais clara, tenho um maior controlo sobre as minhas emoções porque compreendi as suas origens. O meu estilo de vida mudou e a minha alimentação também. Foi inevitável. Aprendi a acumular menos e a desapegar-me mais. Melhoro-me a cada dia como Ser e sinto que me aproximo cada vez mais de mim. Quero continuar. O momento presente é a única coisa que nós temos e é nele que quero estar.
Não fui a primeira, nem serei a última pessoa a passar por esta experiência. Apenas a partilho para que compreendas que é possível ires atrás dos teus sonhos e que só depende de ti. É preciso começar a olhar para dentro. Pelo caminho, talvez percebas que o maior tesouro reside dentro de ti e que só em ti o poderás encontrar.
Daqui uns dias serei, oficialmente, Professora de Yoga, mas o que sinto é que este caminho é acima de tudo um caminho de estudo e que a busca é infinita. Agora, o que pretendo é partilhar e transmitir esses conhecimentos na esperança de que todos possam sentir o mesmo que tenho vindo a sentir.
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