
A forma como começamos a nossa manhã condiciona o nosso estado de espírito durante todo o dia. Por isso, é importante cultivarmos rituais matinais que nos façam sentir bem e que nos garantam a força que precisamos para as horas seguintes. A saudação ao sol (ou, surya namaskar, se preferir) não é mais do que isso: um ritual em que damos as boas-vindas ao novo dia e renovamos as nossas energias. Mas apesar de ser o exercício perfeito para o momento em que os primeiros raios de sol caem no plexo solar, a saudação ao sol pode ser praticada a qualquer hora do dia ou até da noite. Estivemos à conversa com o professor de yoga Jean Pierre de Oliveira, para (re)descobrir esta famosa sequência de asanas.
Corpo e mente em uníssono
Do ponto de vista prático, é uma das sequências de posturas mais conhecidas e utilizadas no yoga. E pode assumir inúmeras variações. As mais conhecidas são as versões A e B, mas todas as variações da saudação ao sol são sempre reagrupadas e concebidas para criar um programa de exercício que ‘solicite’ todo o nosso corpo. A ideia é activar os músculos, tendões, ligamentos, articulações e até os nossos órgãos internos. Inclui posturas de força e, claro, persistências. E se há asanas em que os músculos se queixam, no final o corpo agradece sempre. Porquê? Porque o nosso corpo assim está a acordado e preparado para o dia. E, em consequência, a nossa mente está desperta!
Do ponto de vista de um professor de yoga, a saudação ao sol oferece ainda mais possibilidades. «Eu utilizo a saudação ao sol para efetuar transições em blocos de posturas, criando fluidez nas sequências, ritmo e coerência», revela Jean Pierre. Porque, e muito embora seja uma prática em si mesma, a saudação ao sol é uma forma excelente de garantir ligação entre os aquecimentos e as posturas intensas de yoga.
Os alinhamentos da saudação ao sol aliviam a rigidez corporal e ajudam a aumentar a flexibilidade. Se feita num ritmo rápido pode ser uma boa forma de perder peso, além de ser um excelente exercício cardiovascular. E a sua prática diária tem numerosos benefícios para os sistemas digestivo, respiratório através da ativação da circulação sanguínea.
Tudo se transforma
Se o yoga é orgânico (passível de ser adaptado ao seu praticante, em vez de esperar que os praticantes a ele se moldem), também a saudação ao sol o é. E pode ser utilizada de várias formas, dependendo do compromisso e da condição física do participante. A sua prática pode ser mais lenta ou mais rápida, por exemplo. E o número de vezes que escolhe repetir a sequência é definido por si e pode ir das 10 às 108. A 108 saudações ao sol são, aliás, uma prática habitual dos yogis mais empenhados, que assim assinalam alturas específicas do ano, como os solísticios e equinócios, altura em que a natureza se renova e os nossos corpos pedem essa renovação também. Conta-nos Jean Pierre, que «o número 108 é considerado um número sagrado, por diversas razões matemáticas, físicas e metafísicas». Para ter uma ideia, este número é o produto de operações matemática simples e precisas. Quer exemplos? Se multiplicar 1 elevado a ele mesmo por 2 elevado à 2ª e por 3 elevado à 3ª o resultado é 1 x 4 x 27 = 108. Mas há mais: a distância média entre a Lua e a Terra é de 108 vezes o diâmetro lunar. Coincidência? Talvez não.
SAUDAÇÃO AO SOL – VERSÃO A
1- TADASANA / SAMASTHITI
Em pé, voltado para o sol, coloque as mãos juntas em frente ao peito, em posição angeli mudra. Tenha os ombros para trás e os joelhos soltos.
2- HURDVA HASTASANA
Mantendo os pés firmes no chão e paralelos entre si, eleve os braços no sentido do tecto ou do céu. Devagar, incline as costas e aponte com as mãos para a parede atrás de si. Não deixe a cabeça cair abaixo do nível dos ombros para manter a sua cervical protegida.
3- UTTANASANA
Dobre o corpo sobre si, colocando as mãos no chão e sem dobrar as pernas mas com os joelhos soltos. O topo da sua cabeça deve apontar também para o chão. Toque no solo com a ponta dos dedos.
4- HARDHA UTTANASANA
Partindo da posição anterior, suba a cabeça (olhando para a frente) ao mesmo tempo as pernas dobram, flectindo um pouco os joelhos. O peso deve estar nos calcanhares e a nuca deve permanecer longa.
5- PHALAKASANA
Faça uma prancha. Com o umbigo para dentro e glúteos activos, coloque toda a força no abdominal.
6- CHATURANGA DANDASANA
A partir da posição de prancha, proceda à flexão dos braços, mantendo os cotovelos junto ao abdominal.
7- URVHA MUKHA SVANASANA
Assuma a posição ‘cão que olha para cima’, deitando as pernas sobre o tapete e fixando apenas os dedos do pé no tapete. Suba os braços e, com eles, o abdominal, costas e cabeça. Olhe para o tecto e mantenha a nuca longa. Solte os cotovelos, empurre o peito para a frente, contrar os glúteos e force os ombros a baixar.
8- ADHO MUKHA SVANASANA
A posição de “V” invertido é uma posição de descanso. Aproveite para recuperar a respiração.
9- UTTANASANA
Ande ou salte para a posição inicial de Uttanasana.
10- UTKATASANA
Para a posição da cadeira, mantenha as pernas fletidas, com as ancas para trás. Eleve os braços, mas mantenha o antebraço alinhado pelas orelhas. O umbigo deve estar voltado para dentro e os ombros devem permanecer baixos. Olhe em frente.
11- URDVHA HASTASANA
Os braços sobem, os dedos ficam voltados para o tecto, com a palma da mão activa. Suba o corpo até à posição vertical, desflectindo as pernas mas colocando a força nas nádegas e calcanhares.
12- TADASANA / SAMASTITI
Volte à posição inicial.
Deixe uma Resposta