Melle “X” chegou uma terça feira para fazer a aula das 19h30. Esta turma tem já um nível de prática intermédia, e ela nunca tinha feito nem ginastica, nem yoga. No entanto, apareceu motivada, com a amiga, já minha aluna de 2 ou 3 meses.
Dei a aula como sempre… Com energia e desafios para os alunos mais atentos e exigentes. Melle “X”, caia vezes sem conta, ficava sem forças e acabava sentada esperando pela próxima postura. Alias, não houve uma postura que conseguisse fazer correctamente, além de shavasana e mesmo assim, ficou torta no tapete…
Não tinha consciencia corporal, não tinha força e não tinha flexibilidade. Tinha é muita vontade de fazer Yoga.
Pensei que seria a ultima vez que a viria numa das minhas aulas “Isto não é para ela”. No entanto, comprou o cartão de 8 aulas. Estava decidida, queria fazer Yoga comigo. Entreguei-lhe o cartão com a convicção que ela não voltaria a aparecer. Na quinta seguinte, cá estava ela para prosseguir nestas aulas de tortura física e mental. Melle “X” parecia não perceber as minhas instruções e os meus alinhamentos passavam-lhe ao lado. Dirigia-me a ela pontualmente, o suficiente para não estar constantemente a corrigi-la mas o suficiente para melhorar a sua prática, aos poucos, sem demasiadas exigências.
Melle “X” foi aparecendo, com regularidade, 2 vezes por semana.
Passaram uns 3 ou 4 meses, e ao terminar uma aula, vejo-a com um sorriso gigantesco nos lábios. “Estas tão feliz e bem disposta, até parece que não fizeste aula nenhuma !”
Ao que ela respondeu “Estou tão feliz, senti que pela primeira vez fiz uma aula correctamente, do inicio até ao fim!”. E de facto era verdade! Melle “X” tinha evoluído de forma drástica, passando de não conseguir fazer uma só postura sem cair ou desistir a seguir uma sequencia de asana durante 60 minutos.
Como é claro, não se pode agradar a gregos e a troianos mas o que é realmente gratificante é saber que o nosso trabalho ajuda realmente as pessoas a reencontrarem-se, a alinharem-se com o próprio corpo, com a sua própria existência. É gratificante sentir que os alunos sentem-se gratos por ter entrado nesta sala, que alguma coisa mudou e que no fundo, agora sentem-se bem.
Obrigado Melle “X” por teres persistido.
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