Podemos aceitar ter a vida que temos. Podemos continuar como sempre fizemos. Podemos continuar a encontrar conforto nas nossas lamúrias e nas rotinas onde encontramos desculpas para não fazer o que deveríamos para transformar as nossas vidas. Muitas vezes argumentamos interiormente que agora não dá, por este ou aquele motivo, e deixamos para mais tarde. Queremos esquecer os nossos sonhos de felicidade por que sabemos que dar o primeiro passo necessita de esforço e estamos cansados… E esquecemos… Por uns tempos.
Mas o tempo é traiçoeiro… Ele passa e voltam a surgir os pensamentos e voltamos a achar que a mudança não se encaixa com a nossa realidade e os dias vão passando, os meses, os anos e com eles, a vida. Ficamos com aquela sede do que não quisemos beber. Queremos proteger-nos do desconhecido e acabamos por nos manter tristes e frustrados. Mas este sentimento é um sentimento ao qual estamos habituados e sentimos-nos seguros com ele em mente.
Esperamos por amanhã, mas ja sabemos que não teremos o tempo de que precisariamos para dedicar ao esforço de transformação. Passamos mais tempo, na nossa cabeça, com o que nos faz mal, focados em soluções ou situações muitas vezes improváveis do que a visualizarmos como nos sentiríamos ao alcançar os nossos sonhos e no que nos faz sentir realmente bem.
Mesmo com este discernimento, continuamos a dar o melhor da nossa atenção ao que nos magoa. Estamos constantemente preocupados e é assim que a vida nos parece fazer sentido.
Pode surgir a necessidade de nos agarrarmos a um salvador, um anjo, um deus ou um guru para que nos dê a orientação certa, o rumo a seguir e podermos avançar sem sentir o peso da responsabilidade das nossas escolhas e de levar com outro peso, o das más decisões.
No fundo, só precisamos de dar um passo. Porque, olhando bem para a situação, o que vem a seguir nunca está garantido. Temos medo do desconhecido e temos receio que o futuro seja pior do que a nossa realidade actual, por isso, vamos escolher viver na ilusão do que poderia ser uma vida mais feliz.
Por um lado sentimos o alivio da responsabilidade de assumirmos as nossas próprias acções mas também perdemos o poder de assumir os nossos próprios desejos, as nossas aspirações. Perdemos a nossa liberdade e comprometemos a nossa expansão, o nosso crescimento interior.
Dar o primeiro passo, é só uma outra forma de definir o Yoga.
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