Demasiado espiritual…

Sim, a prática do yoga nasce da sua filosofia e o grande objectivo de um yogi é, de facto, colocar-se em uníssono com a sua consciência e a consciência do mundo. Mas o exercício físico que está associado às aulas de yoga pode (e deve) ser praticado sem essa afiliação.

Quando não existe autoconsciência, ou seja, a capacidade de observação do pensamento, vivemos no mundo de Maya, em modo de piloto automático. Dirigimos as nossa vidas sem a noção do conteúdo dos nossos pensamentos e, enquanto fazemos algo, estamos a pensar em muitas outras coisas, levando a vida como se de um sonho se tratasse, um sonho sobre o qual não temos controlo e do qual não podemos fugir.

Dirigir a vida em piloto automático tem as suas consequências: os momentos não são vividos plenamente e o tempo parece estar sempre a escapar -nos. Ficamos frustrados e muitas vezes responsabilizamos elementos externos pelas nossas infelicidades. O conceito de Maya leva-nos a perceber como os pensamentos vão criando e recriando cenários subjectivos, ao modificar o que já não pode ser alterado e/ou projectar diferentes futuros possíveis criando uma(s) realidade(s) alternativa(s).

Portanto a espiritualidade do Yoga não está relacionada com deus e não tem qualquer carga religiosa, é uma espiritualidade que pretende colocar os yogis em harmonia consigo e com o mundo.

O Yoga diz-nos que o temos, onde estamos, como estamos, em que momento e com quem estamos, são escolhas que resultam dos nossos pensamentos. O Yoga nos ensina que o que percevemos deriva da nossa forma de pensar e que quanto mais estamos embrenhados nos nossos pensamentos, mais ficamos presos numa realidade subjectiva.

Muitas vezes ficamos frustrados e responsabilizamos elementos externos pelas nossas infelicidades em vez de reconhecer que somos o verdadeiro problema. Ficamos presos por não conseguir sair deste ciclo de pensamentos dolorosos e assim nasce o sofrimento.

Tudo o que não gosta e que lhe trás descontentamento e revolta são mensagens do seu Eu superior a relembrar-lhe que a forma como se sente não é compatível com o seu propósito: Nasceu para viver feliz, apaixonar-se pela vida e expandir.

Cada vez que os seus pensamento criam em si frustração ou tristeza, o seu guia faz-lhe sentir que não é o que quer, e o que quer realmente é sentir-se bem. O seu Eu superior está a dizer-lhe que algo está mal e que está no momento certo para despertar e transformar-se.

O Yoga leva-nos a entender que o que acreditamos ser a realidade deriva da nossa forma de pensar (Maya). Se ficamos frustrados é por que responsabilizamos os outros pelas nossas infelicidades e ficamos de mãos atadas porque o problema parece ser de terceiros e, de facto, não podemos fazer com que mudem.

O Yoga é bem mais do que pensamos! É uma atitude na vida, é uma vontade de transformar o quotidiano em algo que nos preenche e enaltece. É o momento em que tomamos consciência de quanto redutores os nossos pensamentos possam ser e que descobrimos que os podemos mudar. É o momento em que tomamos o controle da nossa vida.

Será, o Yoga, demasiado espiritual?

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