O yoga é difícil!

Para ler na edição especial de Novembro da revista Reiki & Yoga

Pode dizer-se que as coisas mais importantes (e as que nos são mais queridas) não o são por serem fáceis. Pelo contrário. Tudo o que nos traz felicidade, exige o nosso compromisso e existe um investimento nosso. É difícil e trabalhoso tomar as rédeas da nossa vida, assim como é difícil ter força para contrariar a nossa mente em nome da nossa consciência e contrariar o nosso corpo em nome da nossa razão. Mais fácil é deixarmos-mos ir com a maré. Não, o yoga não é fácil. Não são fáceis as torções, não são fáceis as persistências, não são fáceis as posturas mais exigentes que convocam todos os músculos do corpo. Não, não é fácil obrigar a minha mente a focar-se no aqui e no agora, a bloquear todos os o pensamentos que me assaltam. Repito, o yoga não é fácil. Não o é enquanto filosofia de vida e não o é também enquanto práctica física. Mas com ele a vida, essa sim, fica mais fácil.

Quando procuro inspiração para a minha prática diária e me deparo com vídeos e fotos em redes sociais como o facebook, o Instagram e o Youtube, também eu (apesar dos meus muitos anos no yoga) caio no engodo e, por escassos segundos, quase que acredito na ligeireza do que promovem essas imagens, quase que acredito que não custa abrandar as exigências do nosso dia-a-dia e parar por alguns minutos para alongar o corpo e exercita-lo. Eis a verdade: não é!

Trocar o sofá pelo tapete de yoga
Há dias em que me custa. Percebo que a regularidade da práctica, o que em sânscrito chamam de yoga sadhana, é fundamental. Sei que só me trará benefícios. Compreendo que a minha inércia só me prejudicará. Ainda assim há dias em que me é difícil entrar em acção (Karma) e trocar o sofá pelo tapete de yoga. É a minha mente a querer vencer a minha consciência, a querer vencer-me a mim. E subitamente sou invadido por uma sensação de cansaço extremo que me quer convencer que o meu corpo não é capaz de mais, não é capaz hoje nem será capaz amanhã. Eu sei que quero sentir-me bem e sei que um caminho para isso é a practica do yoga e o modo como me conecta com a minha consciência e com o presente. E ainda assim, sinto-me resistir. Há dias assim…

Nesses dias, em que quero desistir do esforço que a prática de yoga me requer, quase que ouço o diálogo dentro de mim «isso, faz o contrário do que sabes que te faz bem. Isso, desencadeia sentimentos de culpa e remorso. Isso, deixa que a tua mente dispersa e que seja conduzida para o universo do Maya, um mundo de fumo, imaginário e subjectivo onde o presente não interessa e a mente é invadida por preocupações e medos, onde o ego se sobrepõe a mim». Ouço e sinto-me ceder, mas não cedo.

Disciplina mental e livre arbítrio
Eis outra verdade: a vida é fugaz. Acontece aqui, neste corpo, e agora, e preciso da prática física do Asana para desentorpecer a minha mente e alimentar a consciência que escolhi para definir as minhas atitudes e decisões. Se eu ficar no sofá, instala-se o sentimento de culpa, porque sei que preciso de tratar do corpo tanto quanto preciso de cuidar da minha mente. Para mim é simples: a minha disciplina mental reflecte-se na minha práctica de yoga, nas asanas. Se hoje eu não for para o tapete de yoga, estarei eu a dizer-me que não estou a ser honesto comigo próprio, com os meus princípios?

É difícil? Sim é difícil! O Yoga é difícil! Mas é esta dificuldade que me desafia e motiva. Sou o único que me pode mudar, sou aquele que tem o poder de decidir sobre a minha vida e sobre o seu curso. Sou eu quem define as minhas prioridades. O corpo pode estar cansado e a mente doente, mas não há nada como a sensação de ter arregaçado as mangas e de por as mãos na massa! Vamos praticar?

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