Por Gonçalo Duque Plaza,
Psicólogo clínico, Coach e Hipnoterapeuta
Deseja que o dia chegue depressa ao fim? O seu dia é uma constante correria entre família, trabalho e demais obrigações? Receia não ter energia suficiente para tudo o que tem para fazer ainda hoje? Sente que há algo na sua vida que não lhe faz sentido, que está desalinhado?
Já se sentiu assaltado por pensamentos semelhantes a estes? Apesar de tudo o que temos de positivo na nossa vida é frequente sentirmos que falta alguma coisa que nos permita usufruir essas mesmas coisas com maior plenitude. Ficamos com a impressão, por vezes, de não nos sentirmos perfeitamente enquadrados no nosso dia-a-dia, como se houvesse um grão de areia a emperrar a engrenagem.
E o que fazer então? Como transformar a nossa vida naquilo que sempre imaginámos? Afinal, não queremos mais do que procurar o nosso bem-estar e felicidade. Conceitos estes por vezes tão opacos ou misteriosos, que gostaríamos de ter aprendido mais sobre eles na escola. Sabemos o que fazer para decorar um texto ou para efetuar uma multiplicação. Sabemos o que fazer para ficarmos fisicamente mais definidos ou elegantes, para perdermos peso, para nos tornarmos mais ágeis e flexíveis, para termos mais energia. Sabemos também que tudo isso depende de treino, de esforço, de persistência, de empenho, de vontade. E sabemos ainda, pela prática, que se nos aplicarmos, a possibilidade de atingirmos os nossos objetivos é real. Ou seja, descobrimos que a nossa transformação é possível e, acima de tudo, que a chave dessa transformação está ao nosso alcance.

Passar-se-á o mesmo com a felicidade e o bem-estar? Será a nossa componente emocional algo que se pode construir diariamente? A resposta é, naturalmente, positiva: Afinal, quem será que sobe ao pódio com maior probabilidade? O mais hábil ou o mais perseverante?
Fala-se muito, hoje em dia, de gestão das emoções e de inteligência emocional. Pouco haverá, de novidade, a acrescentar, mas interessa refletir sobre o seguinte: se apostamos tão fortemente na educação e na formação para o desenvolvimento das nossas competências cognitivas – as tais que nos permitem decorar um texto ou fazer uma multiplicação – e se, para aqueles que valorizam a componente física, é feita uma aposta clara no treino do corpo, porque não apostar na educação das competências não cognitivas?
Como iniciar esta mudança? Enquanto seres humanos tendemos a socorrer-nos de crenças que construímos para nos sentirmos seguros, que se transformam em convicções absolutas, e que nos guiam em áreas onde não conhecemos a realidade. Acreditamos nestas crenças sem duvidar, fazendo generalizações (a respeito de nós próprios, dos outros e do mundo) que acabam por ficar como que escritas no nosso organismo – passam a fazer parte de nós. Nesta medida, tendemos a confiar nesses padrões de pensamento aprendidos – padrões que resultam essencialmente da memorização e do uso repetido dos mesmos trajetos mentais. E uma vez que estes pensamentos surgem como que automaticamente, tendemos a acreditar que estarão fora do nosso controlo, resultando em atitudes e comportamentos repetidos e persistentes – e lá estão os nossos pensamentos a influenciarem a nossa realidade.
E quando esses padrões de pensamento aprendidos insistem em realçar, quase exclusivamente, a depreciação que exercemos sobre nós próprios? Quando se referem ao pouco valor que nos atribuímos? Quando respeitam à falta de competências que acreditamos serem inalcançáveis? Quando dizem respeito a sentimentos de inferioridade que acreditamos serem intrínsecos e permanentes? Quando reforçam a nossa falta de autoestima e de segurança?
Inicie hoje o seu plano de treino mental, que tem em vista um objetivo primordial: promover a reorganização dos seus padrões de pensamentos. Deixo-lhe algumas sugestões para iniciar esse treino:
1. Construa a sua Lista da Identidade: escreva, num caderno, aquilo que o define enquanto pessoa, as caraterísticas que mais valoriza em si; escreva também as coisas de que gosta e as coisas que o acalmam. Assuma o compromisso de acrescentar algo a esta lista todos os dias. Este exercício permite-lhe relembrar o seu valor pessoal, excelente para aumentar a motivação e a autoestima, ao mesto tempo que mantém o foco naquilo que de melhor há em si.
2. Transforme o desconhecido em conhecido: supere-se a si próprio; faça coisas diferentes do habitual (pode ser tão simples como optar por tomar o pequeno almoço num local diferente ou fazer outro caminho para o trabalho; vá aumentando o grau de desafio com o passar das semanas; celebre essas suas mudanças, essas suas vitórias. Estará assim a expandir as suas conexões neuronais e a preparar o ambiente para ter mais sucesso, para ir mais além.
3. Visualize o seu futuro desejado a acontecer hoje: deixe correr na sua mente o filme da sua vida. Coloque o máximo de detalhes nessa visualização: sons, cores, cheiros, gostos, sensações (dê livre curso aos seus cinco sentidos). Faça a visualização regularmente, sentindo-a como fazendo parte integrante do seu presente. O seu cérebro tudo fará para colocar em marcha os recursos internos necessários (nomeadamente, a motivação) para ir nesse sentido.
4. Selecione o sentimento positivo que quer viver dentro de si, hoje, durante o dia; escreva uma frase poderosa que inclua esse sentimento (por exemplo: hoje sinto-me fabulosamente confiante); use esta frase indiscriminadamente (repetindo-a, mentalmente, vezes sem conta ao longo do dia). Deixe que o seu cérebro torne real o seu diálogo interno
Conseguiremos de facto influenciar a nossa realidade? Não se trata aqui de alterar certos eventos que, pela sua natureza, estarão fora do nosso controlo, mas sim de nos permitirmos escolher aquilo em que nos queremos focalizar, de escolher aquilo que não deixaremos que nos perturbe. Tudo isto com um único objetivo em mente: a descoberta de caminhos para o nosso bem-estar!
Gonçalo Duque Plaza
Psicólogo clínico
gdplaza.psicologo@gmail.com
instagram: goncaloduqueplaza
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