Integridade é Imunidade

Por Ana Viegas Cruz 
Master Especialista em Sofrologia Caycediana, 
Professora de Yoga, Formadora

• O que é a imunidade?

Atualmente, não existe nenhum assunto tão falado, discutido e sempre na ordem do dia como a função imunitária. Aparecem novas epidemias e doenças desconhecidas. Com a rapidez e facilidade dos meios de comunicação, todos os países estão em contato direto. A humanidade encontra-se ameaçada por doenças causadas por agentes conhecidos e desconhecidos.

Imunidade é o mecanismo de defesa do organismo como uma resposta contra substâncias estranhas presentes no corpo, de modo a manter o seu equilíbrio e bom funcionamento.

A imunidade pode ser inata (a pele, a saliva, são exemplos) ou adquirida (glóbulos brancos e produção de anticorpos), gerada após contato com um agente invasor (como um vírus).

De facto, são descobertas novas vacinas, novos antibióticos, mas os microrganismos têm uma facilidade de adaptação e mutação espantosas, tornando-se resistentes aos agentes terapêuticos. Assim, enquanto se procura lutar contra os agentes exteriores, devemos igualmente estimular as enormes possibilidades das defesas internas do corpo.

• Qual é a relação entre a sofrologia e a imunidade?

Todos nós já ouvimos dizer que o stress e a ansiedade podem baixar as nossas defesas, contribuindo para que possamos ficar doentes. A ciência ensina que o nosso corpo está preparado para responder a qualquer agressão exterior sob a condição do seu estado psico-emocional se encontrar equilibrado.

Selye, foi o primeiro a descrever a atrofia dos gânglios e do timo nos ratos submetidos a um stress exagerado. No ser humano, vários trabalhos mostraram as modificações das células imuno- competentes nas pessoas submetidas a stress (fosse por um desgosto, uma situação inesperada ou uma prova temida). Hoje fala-se que 5 minutos de escuta inconsciente dos noticiários geradores de medo, podem afetar até 5 horas o sistema imunitário, diminuindo a sua eficácia.

Os eventos atuais obrigaram a grande maioria das pessoas a pensar mais na sua condição de saúde, a mudar hábitos e a fazer uma pausa. Nem todos aceitaram este parênteses na sua vida de forma positiva. Recolhimento e reavaliação surgiram de forma imposta para muitos. Aliás, tem sido um grande desafio evitar sentirmo-nos sobrecarregados por emoções negativas, como ansiedade ou medo.

A prática de sofrologia caycediana desempenha um papel muito importante no acompanhamento de situações que estão além do nosso controlo. Graças às técnicas de relaxamento e ativação do corpo e da mente, a sofrologia ajuda-nos a desenvolver uma consciência serena a vários níveis e a reforçar a nossa resposta imunitária.

• Como podemos adaptar-nos a este novo contexto e redefinir a nossa nova existência?

– É importante cuidarmos do nosso equilíbrio físico. Respeitarmos os nossos biorritmos, dormirmos bem, cuidarmos da qualidade dos nossos alimentos, de uma boa hidratação, lembramo-nos de fazer exercício físico adaptado à nossa condição, de entrarmos em contato com a natureza, o ar puro e recebermos a luz do Sol.

– É o momento de tomarmos consciência da nossa mente. Evitarmos sobrecarregá-la com excesso de informação, de écrans e tecnologias. Sabermos orientar a nossa atenção para os pensamentos que nos são benéficos e úteis. Somos nós o sujeito que pensa e não o objeto que é pensado. Por outras palavras, usamos a mente e as suas capacidades e não o contrário.

– É altura de cuidar das nossas emoções positivas e construtivas para mantermos entusiasmo pela vida. Reforçarmos os laços com a família e com a comunidade e sermos solidários. É tempo para pôr a casa e o trabalho em ordem, irmos ao encontro dos nossos hobbies, priorizarmos objetivos futuros, pensarmos no sentido da nossa vida e recriarmo-nos face a este novo contexto. O confinamento deu-nos oportunidade tomar consciência da nossa existência.

• O que é a integridade fundamental?
É um conjunto de valores positivos existenciais que nos mantêm alinhados com aquilo que é essencial em nós mesmos e com as leis universais da natureza.

Quando dizemos “Eu sou belo, eu sou forte, eu sou saudável, eu sou feliz, eu sou amado, eu sou respeitado, eu sou bem-sucedido, eu sou livre, eu vivo em paz e amor” deveria ser verdade para cada um de nós. Se alguma destas afirmações nos levanta dúvidas, desconforto ou chega mesmo a ser uma completa farsa, então há trabalho para fazer.

Se nos afastamos daquilo que nos faz ser únicos e originais, se não aproveitamos estes tempos para viver deliberadamente e agradecer o que temos, se nos subjugamos ao que nos rodeia, contrariados e limitados, sem escutar a nossa voz interior, então corremos o risco de comprometer as nossas defesas. Esquecemo-nos, no meio de tanta adaptação e de tantos desafios, que a integridade é também imunidade.

A doença instala-se quando o indivíduo não está em sintonia com a sua integridade fundamental e a corrompe.

Esta congruência connosco mesmos acaba por ser a grande chave para uma boa imunidade. Mas de que vale ter a chave se não a pomos na fechadura? Cada escolha que fazemos na nossa vida deverá estar de acordo com a integridade fundamental.

Para contribuir para a nossa qualidade de vida e saúde integral, as práticas de sofrologia caycediana criam um fenómeno da auto-regulação interno, estimulam as defesas do corpo, libertam-no das tensões internas e repõem a tranquilidade. Portanto, não só de medidas externas depende a nossa saúde. Ela depende essencialmente de nós e da relação que temos com a nossa integridade fundamental. Integridade é o pilar da imunidade.

A sofrologia caycediana é uma ciência axiológica vivencial, ou seja, relacionada com os valores do ser humano experimentados no corpo, não apenas ao nível da mente e das emoções. A sua prática leva à descoberta, conquista e transformação do ser humano.

O treino pessoal deverá acontecer pelo menos 15 minutos por dia. Existem, neste momento, várias práticas disponíveis no canal Youtube “Sofrologia Portugal” que facilitam este processo de treinamento diário. Só através da repetição poderemos ver resultados, por isso, são tão permanentes.

Ana Viegas Cruz
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