Por Rita Carvalho de Matos
Organizer & Consultora Certificada no Método de Organização KonMariTM
Dizem que arrumar está na moda. Eu arrisco dizer que sim e ainda bem! Não sei se foi pelo crescimento mediático da Marie Kondo ou pela galopante tendência de bem-estar que envolve tantos aspectos da vida quotidiana, mas sinto-me feliz por fazer parte desta nova vaga e de poder activamente contribuir para uma vida melhor de quem escolhe pôr as mãos na massa. Há, no entanto, uma pergunta que fica no ar e talvez ainda sem resposta directa que é “porque é que algo que fazemos desde sempre, sem grande vontade, é agora uma tendência?” Nas minhas longas e profundas reflexões sobre o tema, sinto que encontrei alguns benefícios desta tarefa milenar. A verdade é que desde crianças que todos ouvimos, provavelmente em tom de ameaça, um “vai já arrumar o teu quarto!”. Estes episódios ficaram gravados e tornaram o acto de “arrumar” na nossa vida adulta, na maioria dos casos, um fardo. A boa notícia é que ao descobrir os benefícios que esta tarefa traz, podes torná-la num momento de grande paz interior ou mesmo de contribuição para um mundo melhor.
Descoberta de quem és, agora: tomar consciência de tudo o que tens em casa é como fazer uma viagem no tempo pela tua própria vida. Ao revisitar todos os teus actuais pertences, recordas muitos momentos e pessoas. Esta viagem ajuda-te a perceber onde estás, no presente, e o que queres levar na “mala” para o teu futuro, aprendendo assim a praticar o desapego em relação ao que já não te faz falta e que não te representa. É uma viagem interior que traz muita harmonia e uma incrível sensação de leveza.
Reduz o stress diário: viver numa casa em que tudo tem o seu lugar e nada está a mais, é um eliminador de stress potente. Quantas vezes já deste por ti à procura dum objecto, por exemplo de uma tesoura, ou dum importante documento, e não sabes onde está? Quanto tempo perdes e quantas gavetas reviras? Lembras-te do estado de nervos em que ficaste? Se as tesouras estiverem todas no mesmo sítio, visíveis e acessíveis, vais só ter de a ir buscar, não criando qualquer pico de stress para ti e para quem vive contigo.

Renovação do teu espaço: um dos grandes motivos que leva a uma insatisfação com a casa, é a aparente falta de espaço. Antes de decidires procurar uma casa nova, e sofreres com a actual inflação imobiliária que nos causa mais stress e frustração, faz esta simples equação: se eu guardar apenas aquilo que preciso, respondendo à pergunta “isto representa quem eu sou, no presente” e tudo o que ficar tiver o seu lugar, terei todo o espaço que realmente necessito em minha casa. E nesta viagem, é quase garantido que vais divertir-te ao descobrir novas formas de organizar e de recriar uma casa com a qual te identificará, sem dúvida, mais.
A tua contribuição para um mundo mais igual: ao descobrir quem és, tomas consciência que de és proprietário duma série de objectos com os quais não te identificas. Muitos deles foram-te oferecidos com amor, outros pareciam uma óptima opção na loja, mas ao chegar a casa, a magia desapareceu, ou até foi algo que usaste imenso apenas porque foi caro. Estas 3 situações são extremamente comuns e são um dos principais motivos que te fazem sentir a pior pessoa do mundo ao imaginar que vais dar um novo rumo a essa peça. Mas na verdade, o que estás prestes a fazer é proporcionar uma incalculável felicidade a alguém que precisa e que dela usufruirá com muito mais alegria. Dar coisas que estão em perfeitas condições é fazer deste mundo um lugar mais solidário, enchendo o teu coração de gratidão.
Cuida do nosso planeta: ao reutilizar objectos estás a reduzir o consumo de recursos do nosso planeta. Sempre que comprares algo que venha numa embalagem resistente, como por exemplo uma caixa de sapatos, um frasco de vidro, um doseador, pensa, criativamente, em como a poderás reutilizar para arrumar roupa em prateleiras, guardar canetas ou fazer a tua própria água de engomar aromatizada. Percebe como o teu papel é importante na conservação da Terra, mesmo que, ao princípio, o teu contributo te pareça insignificante. Vi há dias um post incrível sobre a importância dos pequenos actos diários, que passava a ideia de que o mundo não precisa de uma dúzia de pessoas a viver uma vida zero waste de modo perfeito, mas sim de milhares de pessoas a fazê-lo, com imperfeições. Sempre que doares a instituições ou pessoas que conheces ou mesmo venderes em mercados os objectos que já não encaixam no teu estilo de vida, estás, de uma outra forma, a proteger o planeta, reduzindo o gasto de recursos tão vitais como a água e diminuindo os resíduos químicos que vão parar aos oceanos devido, por exemplo, à coloração do vestuário.

Melhor tempo em família: ao seres o farol da organização para a tua família vais influenciar de forma muito positiva o comportamento de todos nesta área. Começa sempre por ti: olha para o teu espaço, para as tuas coisas e avalia se te consideras realmente uma inspiração ou, pelo contrário, um “faz o que te digo e não o que eu faço”. Nem todos em casa têm o mesmo tipo de relação com a arrumação, o que pode ser um tema de grandes conflitos constante. As crianças, por exemplo, quando ainda pequenas, gostam de atirar e espalhar tudo, sem ter alguma intenção de as arrumar. Estão a descobrir o espaço e as suas dimensões. Mas à medida que crescem, ao viverem num ambiente organizado, vão ganhando esse hábito de forma saudável. Em relação aos adultos, não se mudam hábitos num piscar de olhos, mas optando por liderar pelo exemplo, a seu tempo, irás fazer com que tenham vontade de arrumar a sua parte. E se não quiserem ter o espaço deles cuidado, aprenderão pelo menos a não desarrumar os espaços comuns. Nesse momento, ganharão todos mais tempo para o que realmente conta.
Economizar tempo e dinheiro: arrumar é uma tarefa diária, mas numa casa organizada não toma mais do que 15 minutos por dia, antes de dormir. Por isso sou uma acérrima defensora de que compensa enormemente investir alguns dias da tua vida para escolheres o que queres guardar e descobrires todo o espaço novo que a tua casa de sempre tem, para depois nunca mais quereres voltar à desordem instalada. Nesta descoberta, vais perceber que a reutilização e a organização visível e acessível te farão também poupar dinheiro, não fazendo compras repetidas ou mesmo desnecessárias.
RitaCarvalho de Matos
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